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Edna dos Santos-Duisenberg: a Mãe da Economia Criativa é brasileira

Sócia e co-fundadora da World Creativity Organization, é a grande referência feminina em liderança criativa na história das Nações Unidas. Com determinação e sensibilidade, a brasileira desafiou barreiras das economias tradicionais para libertar a criatividade humana em todo o mundo como matriz econômica, trajetória que deu-lhe a marca de "Mãe da Economia Criativa". Ao longo…
Press Room • 8 de December de 2024

Sócia e co-fundadora da World Creativity Organization, é a grande referência feminina em liderança criativa na história das Nações Unidas. Com determinação e sensibilidade, a brasileira desafiou barreiras das economias tradicionais para libertar a criatividade humana em todo o mundo como matriz econômica, trajetória que deu-lhe a marca de “Mãe da Economia Criativa”.

Ao longo da história, algumas figuras não apenas abraçam a criatividade como um traço de sua identidade, mas a transformam em um princípio orientador para reimaginar o mundo. Edna dos Santos-Duisenberg, a economista brasileira que ascendeu aos mais altos escalões da diplomacia internacional, é uma dessas raras personalidades. Sua trajetória é tanto uma narrativa de pioneirismo quanto um estudo de como uma ideia poderosa — a economia criativa — pode ser transformada em um movimento global.

Determinação Brasileira em um Mundo Global

Toda biografia transformadora começa com uma origem. Nascida no Brasil, Edna cresceu em um contexto que frequentemente colocava mulheres em papéis de apoio, não de liderança. Mas desde cedo ela desafiou essa narrativa. Dotada de uma visão global e uma curiosidade insaciável, Edna partiu para o exterior, disposta a mudar a realidade de um mundo desigual. Ela enfrentou um ambiente onde os preconceitos de gênero e origem eram barreiras reais, mas sua determinação e intelecto provaram ser ferramentas poderosas.

Em 1983, Edna ingressou na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra. Como uma jovem economista mulher em uma organização liderada quase exclusivamente por homens, sua presença já era, por si só, uma disrupção. Mais importante, porém, foi sua capacidade de introduzir novas ideias, como a necessidade de conectar os produtores do Sul Global ao mercado internacional, rompendo os ciclos históricos de dependência econômica.

Arquiteta de Soluções Globais

Na década de 1990, o mundo vivia um momento de intensas transformações. O fim da Guerra Fria marcava o início de uma nova ordem global, onde as fronteiras políticas e econômicas se tornavam mais permeáveis sob a influência de uma globalização acelerada. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), sob a liderança do Secretário-Geral brasileiro Rubens Ricupero, tornou-se um espaço crucial para repensar as estratégias de desenvolvimento global. Foi nesse contexto que Edna dos Santos-Duisenberg emergiu como uma força criativa e estratégica.

Na posição de chefe de gabinete de Ricupero, Edna teve um papel central no desenvolvimento de novas abordagens para o comércio internacional e o crescimento sustentável. Trabalhando em um período em que a globalização trazia oportunidades, mas também desafios crescentes para as economias em desenvolvimento, ela ajudou a estruturar iniciativas que buscavam equilibrar os interesses das nações do Sul Global com as novas dinâmicas econômicas do mercado mundial.

A habilidade de Edna em navegar esse cenário complexo e contribuir para a elaboração de políticas multilaterais a colocou no centro de debates históricos. Enquanto Ricupero articulava uma visão de desenvolvimento inclusivo e ético no palco global, Edna consolidava as bases administrativas e estratégicas que tornavam essa visão uma realidade tangível.

Esse período foi emblemático não apenas por sua relevância política, mas também pela audácia de inserir novas vozes no diálogo internacional, algo que Edna simbolizava como uma mulher brasileira ocupando posições de destaque em um dos momentos mais significativos do século XX.

A Mãe da Economia Criativa

Enquanto John Howkins é amplamente reconhecido como o “Pai da Economia Criativa”, Edna dos Santos-Duisenberg, é reconhecida internacionalmente como a “Mãe da Economia Criativa” que fez com que o assunto crescesse e expandisse para todas as nações do sistema ONU, a partir do Consenso de São Paulo. Como uma verdadeira liderança criativa, Edna não se limitou a seguir os caminhos estabelecidos; ela teve a visão de transformar a economia global, reconhecendo a criatividade como um motor vital para o desenvolvimento.

Entre 2004 e 2012, ela liderou a criação dos dois relatórios pioneiros da ONU (2008 e 2010), que não apenas deram nome e identidade ao movimento da Economia Criativa, mas também forneceram as bases epistemológicas que ainda hoje são usadas por blocos comerciais, nações e governos locais na construção de políticas públicas para o setor. Esses relatórios tornaram-se ferramentas essenciais para a formulação de estratégias de desenvolvimento econômico baseadas na criatividade, impactando diretamente milhões de pessoas ao redor do mundo.

As ideias estabelecidas por Edna a frente do Departamento de Economia Criativa da UNCTAD redefiniram a forma como os países e governos viam as indústrias culturais e a criatividade. Ao traduzir a criatividade em um ativo econômico intangível, ela mostrou que as indústrias culturais não eram apenas um segmento de lazer ou expressão artística, mas bens e serviços criativos poderosos capazes de gerar empregos, crescimento sustentável e inclusão social.

Eles se tornaram um referencial mundial para a construção de políticas públicas em diversos níveis governamentais, permitindo que países adotassem a Economia Criativa como vetor de desenvolvimento econômico, incorporando-a nas suas estratégias de crescimento. Esse impacto se estendeu por diversas regiões, desde nações em desenvolvimento até países desenvolvidos, permitindo que economias se transformassem ao integrar a criatividade como uma de suas forças motrizes.

O legado de Edna não se resume apenas ao impacto imediato desses relatórios, mas também na sustentabilidade do movimento global que ela ajudou a impulsionar. Sua visão permitiu que governos de todo o mundo utilizassem a Economia Criativa como uma ferramenta estratégica para diversificação econômica, inovação e emprego. Países que anteriormente viam a cultura e a criatividade como um luxo ou um setor periférico agora a reconhecem como um motor central de transformação econômica e social.

Desde políticas públicas que incentivam a inovação no setor cultural até a criação de programas de capacitação e apoio a pequenas e médias empresas criativas, o impacto dos relatórios de Edna continua a gerar benefícios tangíveis, com milhões de pessoas sendo diretamente beneficiadas pela crescimento da Economia Criativa em suas respectivas nações.

Com sua habilidade de conectar cultura, economia e inovação, Edna estabeleceu um caminho claro para que os países adotassem uma nova maneira de pensar o desenvolvimento, uma que não se limitasse a setores tradicionais, mas que incorporasse a criatividade como um ativo fundamental. Esse legado não apenas mudou o cenário global da Economia Criativa, mas também contribuiu significativamente para que mais governos locais e sociedades ao redor do mundo enxergassem o potencial das indústrias culturais como uma potente alavanca de desenvolvimento econômico.

Um Legado em Construção

Após quase 30 anos de serviços transformadores na ONU, Edna dos Santos-Duisenberg decidiu dar um passo além. Mesmo aposentada do sistema das Nações Unidas desde 2012, sua influência permaneceu inabalável. Como consultora global e palestrante, ela continuou a moldar políticas públicas e a ser uma referência no campo da Economia Criativa, compartilhando sua visão em conferências e debates internacionais. Sua habilidade única de traduzir conceitos complexos em narrativas claras e práticas a consolidou como uma das figuras mais influentes no cenário global, sempre destacando o papel central da criatividade nas soluções globais para os desafios econômicos e sociais.

Em 2024, Edna deu mais um passo significativo. Ao lado de Lucas Foster, um visionário essencial para a expansão do movimento global da criatividade, co-fundou a Organização Mundial da Criatividade (WCO), assumindo a vice-presidência para Parcerias Globais. A WCO, sob sua liderança, visa potencializar o impacto da Liderança na Economia Criativa em escala global, conectando governos, empresas, organizações e indivíduos comprometidos com a inovação e o desenvolvimento sustentável.

A parceria entre Edna e Lucas foi uma combinação poderosa de experiência e inovação. Edna, com sua vasta bagagem diplomática e conhecimento profundo das políticas globais, e Lucas, com sua mentalidade empreendedora e habilidade de transformar ideias em ações concretas, formaram uma equipe de liderança complementares, capazes de impulsionar a Organização Mundial da Criatividade para novos patamares. Juntos, eles não apenas dão continuidade ao trabalho de Edna na ONU, mas expandiram suas ideias, ampliando a missão da WCO para revolucionar o papel da criatividade nas comunidades locais e internacionais.

A cofundação da WCO representa um legado em construção, um movimento que reforça o compromisso de Edna de fazer da criatividade um pilar essencial de desenvolvimento econômico, social e sustentável. Sob a liderança conjunta de Edna e Lucas, a organização tem potencial para ser uma força global transformadora, com a capacidade de moldar políticas públicas que incentivem a inovação, a inclusão e o crescimento em todos os cantos do mundo.

Esse novo capítulo de sua trajetória não apenas mantém vivo o impacto de seu trabalho pioneiro, mas amplia sua visão, utilizando a Organização Mundial da Criatividade como um ponto de convergência para todos aqueles que acreditam no poder transformador da criatividade.

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